Isabel Salgado partiu repentinamente, aos 62 anos, vítima de um quadro de pneumonia que evoluiu para Síndrome de Angústia Respiratória do Adulto (SARA). A informação foi confirmada nesta quinta-feira (17), pela assessoria de imprensa da família da ex-atleta.
Ela foi internada pela manhã da última terça-feira (15) no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Intubada no decorrer do dia, precisou entrar na oxigenação por membrana extracorporal (ECMO), mas não resistiu.
Presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e diretor do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), o médico Alberto Chebabo explica que a doença que vitimou Isabel se comporta de maneira muito semelhante à Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), que se popularizou com a pandemia da Covid-19.
“A SARA é uma lesão pulmonar que compromete a respiração, normalmente causada por um agente infeccioso, que pode ser viral ou bacteriano. No caso dela, ao que tudo indica, foi uma bactéria. A doença leva a um quadro de insuficiência respiratória e a pessoa eventualmente precisa ser entubada”, diz.
A produtora Paula Barreto, que preparava um documentário ao lado de Isabel, chegou a enviar, na quarta-feira, uma mensagem a amigos de ambas comunicando a morte da ex-atleta. No texto, ela diz que Isabel procurou o hospital após sintomas gripais e que testou negativo para Covid.
“Na segunda-feira a noite foi dormir e passou mal. Deixou para ir para o hospital Sírio na terça-feira de manhã. Quando acordou na terça já estava bem pior. Internou no Sírio já no CTI. Detectaram uma bactéria que já tinha tomado todo o pulmão. Foi entubada e teve uma parada cardíaca as 4 da manhã de hj e não resistiu”, escreveu a cineasta.
A rapidez na evolução do quadro de Isabel impressiona.
“A velocidade depende do quadro. Normalmente você vai tendo um quadro progressivo, mas se o atendimento é tardio e o paciente chega ao hospital com um comprometimento grande do pulmão, pode ser grave e evoluir de forma rápida. O que imaginamos é que tenha sido uma pneumonia bacteriana que evolui de maneira muito rápida e levou a esse quadro grave que não conseguiu ser revertido”, completa o médico Alberto Chebabo.
Despedida com aplausos, rosas e música
Em uma cerimônia que contou com saxofone e violão, o corpo de Isabel Salgado foi levado para o Crematório da Penitência, no Caju, sob aplausos nesta quinta-feira. Os cinco filhos da ex-atleta lideraram o cortejo, com Carol Solberg, Pilar e Maria Clara Salgado caminhando abraçadas. Carol, que segue os passos da mãe e está na segunda colocação do ranking mundial de jogadoras de vôlei, disse que as cinzas de Isabel serão lançadas no mar de Ipanema.
“A minha mãe foi um furacão, uma mulher fora do comum. Ela não amava só a gente, minha mãe amava gente. Uma mulher que ensinou a amar e foi muito amada. Hoje foi um dia de celebrar ela, que segue muito viva dentro da gente. Não era a hora dela ainda, que viveu só 62 anos, mas viveu intensamente como poucas pessoas viveram”, afirmou Maria Clara Salgado, que também é atleta de vôlei de praia.
No caminho até o crematório, um saxofonista tocava “Como é grande o meu amor por você”, de Roberto Carlos. Uma camisa da seleção feminina de vôlei da década de 1980 foi colocada sobre o caixão. Na chegada ao local, amigos e familiares jogaram pétalas de rosa, enquanto cantavam a música “Não quero dinheiro (só quero amar)”, de Tim Maia.