O furto da estátua em homenagem ao ex-presidente Juscelino Kubitschek que foi retirada na madrugada deste sábado (26) da Orla Bardot, em Armação dos Búzios, foi, na verdade, uma “falha de comunicação”, disse Isis Penido, viúva de Paulo Penido. A família Penido foi quem doou o monumento à cidade em 2006.
Isis Penido disse que tudo não passou de um mal-entendido e que até ela achou que a estátua tinha sido roubada, segundo informações do site G1.
“Há uns dois meses eu estive com o prefeito e mostrei álbuns de fotografia da inauguração da estátua. Foi uma festa linda e conseguimos levar até familiares de Juscelino”, disse Isis destacando que tinha planos para restaurar a escultura, mas que ainda faltava autorização do município.
O prefeito de Búzios, Alexandre Martins, confirmou que Isis fez contato com ele após a confusão e disse que, de fato, o grupo não tinha autorização para a retirada. O caso foi registrado na delegacia de Búzios como furto.
Isis conta que os homens que retiraram a estátua trabalham fazendo transportes para ela e estavam fazendo um serviço na Região dos Lagos. Isis já tinha falado com eles sobre os planos de retirada para restauração, mas ainda não tinha definido uma data por conta das questões burocráticas.
“Eu ia falar com o prefeito pra pedir uma licença, mas de três dias pra cá tive um infortúnio. Estava no hospital com uma pessoa querida que estava doente e ele faleceu essa noite. Nesses últimos dias eu fiquei fora do ar. Então o meu pessoal que estava na região resolveu pegar a estátua achando que eu já tinha falado com o prefeito”, disse.
Isis contou, ainda, que por estar no hospital e depois ter ficado à frente das questões para o velório e enterro, não ficou sabendo da retirada. A ação dos homens foi registrada por câmeras de segurança.
“Estava com o celular no silencioso e só depois vi que tinham ligações. Um amigo me ligou falando que a estátua tinha sido roubada. Fiquei desacreditada e pedi para chamar a polícia. Até pensei ‘onde meu marido estiver vai estar chorando’, a escultura era o amor da vida dele. Eu achei que ela tinha sido roubada”, acrescentou.
Como descobriu o mal-entendido
Depois de ver a repercussão do suposto furto na mídia, Isis disse que percebeu que poderia ser um mal-entendido.
“[Vi que] Os homens nas imagens não estavam se escondendo. Não esconderam o rosto nem placa de carro… Imaginei que não foi roubo. Então pensei que poderia ter sido o meu pessoal que pode ter ido buscar. Fui ver meu celular e tinham muitas ligações”.
“Depois dessa confusão, eu consegui ligar pra eles e pedi para devolverem porque eu ainda não tinha falado com o prefeito”.
Ela conta que depois do mal-entendido ligou para o prefeito e disse que, se ele quisesse, ela poderia pedir à equipe para levar a estátua ao escultor Hildebrando Lima – que a esculpiu – para que ele a reformasse e depois devolveria ao lugar. Mas o prefeito disse que a Prefeitura vai restaurar a peça e fará uma reinauguração.
“E tá ótimo porque era isso que eu queria: a escultura linda e maravilhosa. E quero colocar a placa de volta que foi roubada e ninguém recolocou e nem encontraram quem roubou”.
A placa de bronze que identifica a estátua foi furtada em 2016 e nunca foi recolocada.
“Acho que Juscelino Kubitschek lá de cima puxou a orelha de muita gente. Todo mundo sentava ali pra tirar foto. Agora sendo restaurada, vamos passar por cima desse episódio que vai virar uma coisa engraçada. Mas eu levei um susto achando que tinha sido roubada”, completa Isis Penido.
Amor pela cidade
Isis relembrou a história da família dela com a cidade de Búzios e ligação com Juscelino Kubitschek.
“Meu marido era sobrinho de Oswaldo Penido, que tinha o Solar do Peixe Vivo. Meu marido passava férias no Solar. Ele mandou fazer escultura. Amo a cidade de Búzios. Também fui juíza de paz na cidade”, disse.
O Solar do Peixe Vivo é um local histórico, onde na década de 1950 o ex-presidente Kubitschek ficava hospedado quando ia à cidade, segundo relatos históricos.
Isis relata também que desde a doação cuidava da escultura.
“Eu tinha uma pessoa que todo mês ia lá limpar, pintar, colocar iluminação, mas depois parei porque pertence à Prefeitura, mas até hoje não faz parte do patrimônio. Aí a escultura foi ficando degradada por conta da maresia. Ela estava horrivelmente estragada. A placa que foi roubada até hoje não colocaram, eu tenho uma cópia da placa, mas a Prefeitura disse que vai colocar”.