A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) anunciou neste domingo (02) um corte surpresa na produção de petróleo, com uma diminuição na ordem de um milhão de barris por dia, deixando de lado as previsões anteriores — segundo as quais os patamares atuais seriam mantidos.
Essa é uma redução significativa para um mercado no qual, apesar das recentes flutuações de preços, a oferta parecia apertada no final do ano. Os contratos futuros de petróleo não estavam sendo negociados quando o corte foi anunciado, mas a reação nos preços pode aumentar as pressões inflacionárias em todo o mundo, forçando os bancos centrais a manterem as taxas de juros mais altas por mais tempo, o que ampliaria o risco de recessão, segundo informações do site G1.
A Arábia Saudita liderou o cartel, prometendo sua própria redução de oferta de 500 mil barris por dia. Outros membros, incluindo Kuwait, Emirados Árabes Unidos e Argélia, seguiram o exemplo, enquanto a Rússia disse que o corte de produção que estava implementando de março a junho continuaria até o final de 2023.
O impacto inicial dos cortes, a partir do próximo mês, será de cerca de 1,1 milhão de barris a menos por dia. A partir de julho, devido à menor oferta na Rússia, haverá cerca de 1,6 milhão de barris por dia a menos de petróleo no mercado do que o esperado anteriormente.
Tamanho do corte por país (barris por dia)
- Arábia Saudita: 500 mil
- Rússia: 500 mil
- Iraque: 211 mil
- Emirados Árabes Unidos: 144 mil
- Kuwait: 128 mil
- Cazaquistão: 78 mil
- Argélia: 48 mil
- Omã: 40 mil
A medida pode mais uma vez aumentar as tensões entre os Estados Unidos e a Arábia Saudita, um parceiro regional cuja relação com o governo do presidente Joe Biden tem sido tensa.
Em outubro do ano passado, quando a Opep fez um corte surpresa na produção de cerca de 2 milhões de barris por dia, poucas semanas antes das eleições de meio de mandato nos EUA, Biden prometeu que haveria “consequências” para a Arábia Saudita. Mas o governo não seguiu adiante e a Casa Branca elogiou várias iniciativas sauditas, incluindo sua decisão de fornecer à Ucrânia US$ 400 milhões em energia e assistência financeira. A Casa Branca não comentou.
Até sexta-feira (31), delegados da Opep e seus aliados vinham indicando, em conversas privadas, que não havia intenção de mudar os limites de produção.
O preço do petróleo atingiu o menor patamar em 15 meses em março devido à turbulência causada pela crise bancária, mas os preços se recuperaram quando a situação deu sinais de estabilização. O petróleo Brent, referência internacional, fechou pouco abaixo de US$ 80 o barril na sexta-feira, uma alta de 14% em relação à mínima de março.
Nenhum dos 14 traders e analistas consultados na semana passada pela Bloomberg previa mudanças. Eles estavam assumindo a posição do ministro da energia saudita, príncipe Abdulaziz bin Salman, que havia dito no mês passado que as atuais metas de produção da Opep “vieram para ficar pelo resto do ano, ponto final”.