Os moradores do bairro do Peró, em Cabo Frio, na Região dos Lagos, recorrerão à Justiça para que o local tenha saneamento básico, com rede separativa, captação e tratamento de esgoto. A decisão foi tomada nesta sexta-feira (09), num encontro entre a comunidade, hoteleiros e técnicos convocados pelo movimento Amigos do Peró.
Eles contestaram o projeto apresentado pela Secretaria de Obras de Cabo Frio que sugere colocar no interior da Praça do Moinho (única área de lazer do bairro), os ambulantes que ocupam ruas e calçadas, prejudicando o tráfego de ônibus e veículos pesados, na alta temporada do verão.
O encontro dos moradores ocorreu um dia após a Rede LaPlayas divulgar o ranking das dez melhores praias da América Latina. O Peró ficou em segundo lugar no quesito praias afastadas dos centros urbanos e em sétimo lugar no ranking geral da América Latina. E menos de uma semana depois de ter sido pré-aprovada pelo júri nacional para desfraldar a Bandeira Azul (certificado internacional de qualidade) pela sexta temporada consecutiva.
Os hoteleiros se queixaram dos buracos, desordem e a falta de sinalização turística nos acessos ao Peró, além da falta de controle do município na exploração de espaços na areia da praia por ambulantes não legalizados, prejudicando os quiosques e os banhistas, que ficam sem espaço no trecho urbanizado da praia, justamente a faixa da Bandeira Azul.
A comunidade também reclama da falta de arborização do bairro e da falta de conservação das trilhas do Morro do Vigia.
“O contrato da concessionária Prolagos é de 35 anos e está prestes a vencer sem que a empresa cumpra as exigências contratuais, principalmente em relação ao Peró, um bairro entre duas importantes áreas de conservação e que tem uma praia com Bandeira Azul. Os esgotos, que correm pela rede de águas pluviais é lançado, sem tratamento, no Canal Itajuru, que deságua na Praia do Forte”, disse o engenheiro Antônio Xavier.
O projeto da Prefeitura apresentado ao Ministério Público, que está conduzindo um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para reformar e ordenar a Praça do Moinho, foi desaprovado por unanimidade.
Comerciantes e moradores não são contra a permanência de ambulantes na área de lazer, mas de forma controlada e sem prejudicar o comércio local, que funciona o ano todo e não somente durante o movimento da alta temporada.
“Entendemos que a praça de uma área de lazer é para ser usada pelo povo e não totalmente ocupada por ambulantes, que precisam de um espaço onde não concorram com o comércio legalmente estabelecido e não impeçam a livre circulação das pessoas”, comentou Carlos Cunha, hoteleiro e presidente da Associação dos Hotéis de Cabo Frio.
Convidados, representantes da Prefeitura e do INEA não compareceram ao encontro.