Um menino de nove anos que mora na Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, conquistou uma vaga na escola brasileira do balé Bolshoi, prestigiada companhia de dança da Rússia.
No início do mês, Wellington Almeida venceu uma seletiva internacional e ganhou uma bolsa de estudos para estudar na escola do balé Bolshoi que fica em Santa Catarina. É a única filial da instituição, que tem sede na Rússia.
Cerca de quatro mil crianças e adolescentes participaram da seletiva na disputa pelas 40 vagas disponíveis.
“Quando eu danço parece que eu estou na minha casa”, disse Wellington.
A paixão do aprendiz de bailarino começou quando ele viu uma apresentação de balé na TV. Foi amor à primeira vista.
O menino mora com a mãe, o padrasto e cinco irmãos em um barraco de madeira na Cidade de Deus. Nas vielas perto de casa, ele passou a repetir os movimentos da arte que passou a admirar.
Por conta do desejo do filho, Jaqueline Cristina Almeida, mãe do menino, decidiu colocá-lo nas aulas de balé há um ano. Desde o começo das aulas, ele passou a se dedicar a dança de corpo e alma.
As aulas acontecem cinco vezes por semana em uma academia na comunidade.
Fundado há dez anos, o projeto social funciona com a ajuda de doadores e o apoio de voluntários em uma casa adaptada. Mas a simplicidade do ambiente não limita os planos de quem sonha grande.
Apoio da família
Orgulhosa da conquista do filho, a mãe conta que tinha certeza da vitória do menino.
“Ele é um menino dedicado e se esforça pelas coisas que ele quer. Tudo o que ele faz eu sei que vai ser positivo, porque ele é uma criança que agarra as coisas com força”, destacou Jaqueline Cristina Almeida.
Na academia onde ensaia, o menino é visto como uma pedra a ser lapidada.
“Ele é um menino esforçado, é aquele garoto que você olha e fala assim: ‘não tem como dar errado’. Porque ele nasceu para vencer, porque a resiliência e a perseverança são as marcas de um campeão”, destacou Valéria Martins, fundadora da academia de dança.
Mudança
A família está na expectativa da mudança para Joinville, em Santa Catarina.
“É muito legal. Eu vou poder tirar a minha mãe daqui, tem muita lama. Poder dar uma vida nova para os meus irmãos, para a minha mãe”, contou Wellington.
A mãe também sente um frio na barriga.
“A gente nunca saiu do Rio, a gente nunca foi para lugar nenhum. A gente fica preocupado. O Wellington falou que lá é frio e eu não sou chegada a muito frio, mas a gente está feliz. A gente está com a expectativa. Tudo vai dar certo, tudo vai ser bom, tudo vai ser novo. Vida nova”, destacou Jaqueline.