Nesta segunda-feira (11), o presidente de São Vicente e Granadina confirmou o encontro dos presidentes Nicolás Maduro e Irfaan Ali na quinta-feira (14). O Brasil vai enviar um observador: o assessor para assuntos internacionais, Celso Amorim.
Em uma mensagem em uma rede social, nesta segunda-feira (11), Maduro afirmou que a posição da Venezuela é de diálogo. No entanto, ele voltou a falar em direito legítimo da Venezuela sobre Essequibo e disse que vai querer debater o que chamou de interferência dos Estados Unidos na disputa.
O governo e a diplomacia brasileira acompanham a crise com preocupação. O Brasil faz fronteira com a Guiana e com a Venezuela. No sábado (09), Nicolás Maduro ligou para o presidente Lula e ouviu que a Venezuela deve evitar medidas unilaterais que piorem a situação.
O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou que, em nenhuma hipótese, Nicolás Maduro vai usar o Brasil para invadir território guianês:
“Temos uma fronteira. Eles só chegarão à Guiana passando – se passassem – pelo território brasileiro, e nós não vamos permitir em hipótese nenhuma. Então, ele tem uma possibilidade. Isso é uma manobra política dele”.
A região é contestada desde o século XIX. Os venezuelanos afirmam que foi roubada pelos britânicos na hora de traçar as fronteiras.
Irfaan Ali afirmou que a Guiana é um país pacífico e que a única ambição é garantir suas fronteiras; que não tem dificuldade em se reunir com os vizinhos.
Essequibo é uma região em parte rural, com plantações de arroz, mas também com muita mineração e uma imensa floresta onde moram nove povos indígenas. A população fala inglês. Os únicos que foram ouvidos falando espanhol são povos indígenas nômades.
O presidente guianês afirmou que, no encontro de quinta-feira, não vai negociar Essequibo com Nicolás Maduro. Vai dizer que qualquer contestação tem que ser feita no Tribunal Internacional de Haia – a instância das Nações Unidas para resolução de controversas que envolvem países.
Riquezas
Um morador do território diz que a questão de Essequibo só veio à tona agora por causa da descoberta das riquezas por lá.
Maduro afirma que a Exxon Mobil promove na Guiana uma nova forma de colonialismo. Questionado sobre essas declarações, Irfaan Ali disse que essa mensagem é para alimentar a propaganda hipócrita de Maduro.
A Guiana cresceu 62% em 2022, mas a população sofre com o aumento da inflação. O prefeito da capital, Georgetown, explica que os preços subiram por causa dos estrangeiros que foram trabalhar na indústria petroleira. Ele defende que o Estado comece políticas públicas de distribuição de renda, mas o que dizem as pessoas da região é que ninguém pediu ajuda para Maduro.
A líder das nove nações indígenas guianesas disse que a investida de Maduro contra Essequibo é por causa das eleições na Venezuela em 2024, uma tentativa de se manter no poder.
Apesar de ter um exército de apenas 3 mil soldados – contra 123 mil da Venezuela – o presidente Irfaan Ali espera cooperação internacional se necessário.
“Ninguém vai tomar nossos rios e nossas montanhas. Essequibo é da Guiana”, um guianês canta.