Desde 2014, Sebrae Rio, Emater, Senar, sindicatos rurais e secretarias de agricultura vêm capacitando os produtores do Alto Noroeste Fluminense (Varre-Sai, Porciúncula, Natividade e Bom Jesus do Itabapoana), com orientações técnicas permanentes sobre manejo do solo, colheita e pós-colheita.
O Alto Noroeste Fluminense fica na tríplice fronteira entre os estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo, numa altitude média de 700 metros e com clima favorável ao cultivo de café. Do outro lado da fronteira estão a Serra do Caparaó em Minas, e o sul do Espírito Santo, regiões já reconhecidas pela produção de grãos de altíssima qualidade.
Uma característica comum a todas é que os cafés especiais saem geralmente de pequenos produtores, que herdaram o ofício dos pais, que receberam dos avós. No Alto Noroeste Fluminense são mais de 3 mil famílias produzindo 80% de todo o café arábica consumido no Estado do Rio de Janeiro. Há propriedades de apenas 2 hectares. E boa parte das famílias produzem café de forma artesanal.
Mais de 40 famílias produzem atualmente trinta marcas de cafés de alta qualidade, entre gourmet, especial e fermentado.
O Café Pelegrini premiado na Expo deste ano obteve pontuação 85, numa escala definida por entidades credenciadas. Cafés com pontuação igual ou superior a 80 são considerados cafés especiais, indicando alta qualidade e complexidade sensorial.
O produtor rural Fernando Pelegrini comemora a produtividade que é o dobro da média nacional.
“Este ano vou tirar entre 50 e 60 sacas de café por hectare. A média nacional é de 28 sacas. Tem a altitude, a temperatura, mas eu acho que o que influencia mais é o manejo do solo, que o Sebrae Rio e a Emater nos ajudam a fazer de forma correta, para melhorar a qualidade do grão e também para ter mais frutos no pé”, destaca Fernando.
De acordo com José Maurício Apolônio, analista do Sebrae Rio no Noroeste Fluminense, a produtividade média da região é de 40 sacas de café por hectare plantado.
“Essa média de produtividade acima das 50 sacas são poucos, mas posso dizer que os produtores que são atendidos pelo programa do Sebrae Rio estão dentro desse grupo de alta produtividade”.
No Sítio Vai e Volta, em Varre-Sai, os irmãos Rodolphi produzem cafés com pontuação semelhante e investem em cafés de alta qualidade.
“O projeto do Sebrae chegou na hora certa pra nós. Hoje beneficiamos o café no próprio sítio, empacotamos, mantemos tonéis para fermentação e vendemos o nosso café direto aos turistas e cafeterias”, afirma o produtor.
Enquanto um pacote de 250 g do café tradicional arábica sai a 15 reais, a mesma quantidade de gourmet fica em 25 reais, o especial a 35 reais e o café fermentado sai por 50 reais.
“As cafeterias têm buscado cada vez mais o nosso café, especialmente os fermentados e os especiais”, conclui Fidélis.
O estado do Rio de Janeiro, entrou em 2023 no mapa dos cafés especiais da Semana Internacional do Café (SIC), um dos principais eventos de café do mundo.
IG do café Alto Noroeste
“Esse é o diferencial do nosso café. Temos aqui uma atividade cafeeira quase 100% artesanal, com nível muito baixo de mecanização e pouco uso de defensivos agrícolas”, explica Suhail, produtor do Café Iranita e presidente da Associação de Produtores de Cafés Especiais do Alto Noroeste.
“Junto a outros fatores, isso dá ao café especial produzido aqui características sensoriais únicas que o qualificam para que o INPI reconheça a indicação geográfica do café especial do Alto Noroeste. Com a ajuda do Sebrae Rio, o processo já está em andamento”, destacou Suhail.
Análises já feitas no café do Alto Noroeste indicam notas naturais de chocolate, castanha e amêndoa, que são as mais requisitadas pelas cafeterias.
“Já iniciamos o processo da indicação geográfica, várias análises estão sendo feitas e acredito sim que o Café do Alto Noroeste terá o reconhecimento do INPI e os produtores poderão se beneficiar disso”, afirma Aline Barreto, gestora estadual de indicação geográfica do Sebrae Rio.
Dentre tantos benefícios que o IG pode trazer para a região, e são muitos, um já está acontecendo. O produtor de turismo rural, Francisco Cabral, que há quinze anos faz a rota Café e Cachaça em Minas e no Espírito Santo, incluiu o Alto Noroeste Fluminense nos roteiros off road.
“A demanda aumentou bastante nos últimos 3 anos. Vem gente do Brasil inteiro. Além das belezas naturais e de poder tomar um dos melhores cafés do mundo no quintal da casa do produtor, essa região tem um ativo enorme que é o seu povo acolhedor. E eles estão animados com os visitantes, muitos já estão investindo em pousadas e restaurantes para tornar o roteiro ainda mais especial”, garante Francisco.