Ao menos 22 pessoas morreram durante uma operação policial na Vila Cruzeiro, bairro da Penha, na Zona Norte do Rio, nesta terça-feira (24). A ação começou de madrugada e, segundo a Polícia Militar, foi encerrada por volta das 16h40.
Moradores disseram que os tiros começaram às 4 h da manhã. Houve relatos também de tiros no Complexo do Alemão, onde bandidos tentavam usar uma estrada de terra como rota de fuga.
“Quatro horas da manhã começou operação aqui na Vila Cruzeiro. Muito tiro, mas muito tiro mesmo. Os policiais do Bope entraram aqui com vários carros. E a bala tá comendo”, afirmou um morador. Vídeos que circulam na internet mostram blindados entrando na comunidade.
Segundo a PM, agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) foram atacados a tiros quando iniciavam uma “operação emergencial” na comunidade.
Um helicóptero blindado da PM dava apoio aos agentes em terra. Os confrontos se concentraram na parte alta da Vila Cruzeiro, perto de uma área de mata.
O objetivo era prender chefes do Comando Vermelho escondidos na Vila Cruzeiro. A polícia afirma que, na Penha, estão abrigadas lideranças da facção saídas de outras favelas do Rio, como Jacarezinho, Mangueira, Providência e Salgueiro (São Gonçalo).
“O objetivo ainda está mantido de buscar criminosos de outros estados que estão buscando abrigo aqui com essa facção criminosa, que opera na Vila Cruzeiro, no Jacarezinho, na Mangueira, na Providência e no Chapadão. Eles estão hospedando criminosos de outros lugares, entre eles, criminosos do Pará, que determinaram a morte de mais de 13 agentes públicos somente este ano”, disse o tenente-coronel Ivan Blaz, porta-voz da PM.
Segundo Blaz, o Comando Vermelho, facção criminosa da Vila Cruzeiro, é responsável pela maior parte dos confrontos no RJ.
“Precisamos desbaratar essa quadrilha que já é hoje responsável por mais de 80% dos confrontos armados do Rio de Janeiro. Essa facção criminosa que opera ali na região da Vila Cruzeiro atua numa campanha expansionista em todo o nosso estado”.
Policiais apreenderam 13 fuzis, quatro pistolas, doze granadas e uma quantidade grande de drogas, que não havia sido contabilizada até o momento. Dez carros e vinte motos foram recuperados.
Treze escolas da rede municipal dos complexos da Penha e do Alemão foram fechadas devido ao confronto, segundo a Secretaria Municipal de Educação.
Entre os 22 mortos, 12 eram suspeitos e 1 era uma moradora da região – identificada como Gabrielle Fereira da Cunha, de 41 anos, atingida por uma bala perdida dentro de casa, na entrada da Chatuba, que fica ao lado da Vila Cruzeiro.
Até as 16 h desta terça, os outros nove mortos não haviam sido identificados.
Entre os feridos, estão 2 homens considerados suspeitos pela polícia (eles foram baleados e encaminhados ao Hospital Getúlio Vargas, onde passaram por cirurgia); uma mulher que estava lúcida e foi levada na tarde desta terça ao hospital pela Polícia Rodoviária Federal; um homem com ferimento na barriga foi levado inconsciente ao hospital também pela Polícia Rodoviária e um policial civil, identificado como Sérgio Silva Rosário, que foi ferido no rosto por estilhaços de bala enquanto fazia perícia no local – ele passa bem.
Em fevereiro, outra operação conjunta das polícias Militar e Rodoviária Federal (PRF) na Vila Cruzeiro deixou pelo menos oito mortos.