O Grupo Cultural Afroreggae completa 30 anos neste sábado (21). A iniciativa, que foi fundada para promover a justiça social através da arte, passou a ter o objetivo de promover a inclusão digital dos moradores de comunidades.
Dayane da Cunha Santos conheceu o Afroreggae aos 8 anos e passou a frequentar os cursos oferecidos pelo grupo. Ela fez parte do teatro, recebeu bolsa, conheceu outros países, deu aula e, atualmente, é funcionária da ONG.
“Me deu oportunidade de viajar, de estudar em outros lugares e esse mundo é muito grande. Então me deu a chance de enxergar as minhas possibilidades, as minhas qualidades, o meu profissional e o meu ser humano, eu acho que é isso”, disse Dayane, coordenadora do Núcleo Afrogames.
A ONG oferece atividades extracurriculares, ajuda a manter as crianças na escola e a afastar os jovens da influência do tráfico e promove oportunidades profissionais. Atualmente, 200 pessoas, de crianças a idosos, participam das oficinas como as de percussão e balé.
O Afroreggae nasceu com a missão de reduzir as desigualdades sociais e combater o preconceito em suas diversas formas, usando a arte e a cultura para transformar a vida de pessoas e o meio em que elas vivem.
Afrogames
Ao longo do tempo, o grupo se reinventou. Como exemplo disso, na sede principal em Vigário Geral, na Zona Norte do Rio, a ONG montou uma estrutura que oferece cursos de jogos, de programação e trilha sonora para games.
O Afroreggae abriu também centros no Complexo da Maré e no Morro do Estado, uma comunidade de Niterói, na Região Metropolitana do Rio.
“A gente viu que o jovem da favela tem essa necessidade de acessar esse mundo. O Afroreggae, como é pioneiro em várias coisas, mais uma vez se torna pioneiro em mais um projeto, que é o Afrogames, o primeiro centro de eSports dentro de uma favela no mundo. A gente escuta quem de fato vive na favela, quais são as necessidades, o que quer e aonde quer chegar”, disse o coordenador executivo do Afroreggae, William Reis.
Os melhores alunos dos cursos viram e-atletas e começam a receber bolsa do Afroreggae para competir no mundo dos games. Atualmente, 500 famílias são assistidas, e os esportistas digitais têm que fazer aula de inglês na ONG e de condicionamento físico. Eles também recebem um salário-mínimo e atendimento psicológico.
Renan Macedo de Farias disse que seu hobby acabou se tornando uma profissão.
“Antes de entrar no Afrogames, eu tentava o máximo excluir a minha deficiência, eu queria mascarar isso ao máximo. O Afrogames me ajudou muito a me encontrar. Isso porque eu sei que eu sou bem mais do que isso, me fez perceber que eu sou um ótimo profissional na área que eu atuo, que é nos eSports e foi essencial na minha vida”, afirmou Renan.