Dois jovens foram mortos na Estrada Antônio Martins, em Queimados, na Baixada Fluminense, na tarde de domingo (11). Um deles não tinha mais de 15 anos, segundo os bombeiros que removeram os corpos do local. De acordo com testemunhas, a dupla estava entregando quentinhas e teriam sido confundidos com traficantes.
Milicianos e traficantes disputam o domínio territorial da área, e moradores estão no fogo cruzado.
Um pouco mais tarde, no início da noite, um homem foi executado na porta de um bar na Rua Mondaime, no bairro São Roque. Ele foi identificado como Miqueias Jesus, de 30 anos. Populares afirmaram que ele fazia parte da milícia local.
Os três corpos foram encaminhados para o Instituto Médico Legal de Nova Iguaçu e até a tarde desta segunda-feira (12) os dois jovens não haviam sido identificados. A Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense investiga os casos.
Moradores relataram medo, toque de recolher, cobranças abusivas e até “lei do silêncio”.
“Nós estamos vivendo com medo, muito medo. A gente tá vivendo uma verdadeira guerra”, afirma um deles.
“A gente não vê segurança aqui em Queimados. A gente vê sim, barricadas nas ruas. A gente vê aqui a milícia controlando um lado, o tráfico controlando o outro e a gente no meio disso”, denuncia outro.
Na última sexta-feira (09), um tiroteio deixou dois feridos no bairro Jardim da Fonte. Uma moradora que estava descendo de um carro de aplicativo foi atingida de raspão. O porteiro de um condomínio também foi ferido.
Esse condomínio seria um dos alvos do tráfico de drogas, que pretende dominar o local. Segundo uma fonte, moradores desse condomínio sofrem com taxas impostas pela milícia.
“Paga condomínio, taxa de água, se não tiver luz da light é R$ 70 que paga, a TV a cabo tem que ser deles, o botijão de gás também só pode comprar com eles e tem lugar que é até R$ 150”, denuncia.
“Estamos todos sob aviso: não é pra sair de noite. Não é pra sair de noite. Quem sair de noite, vai sofrer as consequências”, conta uma moradora.
Os confrontos se estendem pelos bairros de Belmonte, Jardim da Fonte e Valdariosa. A população pede a intervenção da polícia.
“A maioria aqui trabalha no Rio, tem que sair de casa de madrugada, a gente não vê um policiamento. O que a gente vê é bandido de fuzil. Uma situação de muito medo. A gente não quer lado A nem B, a gente quer mais polícia”, pede uma.
A Polícia Militar disse que o batalhão de Queimados realiza rondas em viaturas e em moto patrulhas de dia e à noite e que “as ações de enfrentamento ao crime organizado são planejadas com base em informações de inteligência, e tem como preocupação central a preservação de vidas”.