O atleta de caiaque Pedro Oliva, foi o único que conseguiu navegar, da nascente à foz, o Rio Paraíba do Sul, que está entre os 10 maiores rios (extensão) do Brasil.
O mais importante rio do estado do Rio de Janeiro, o Rio Paraíba do Sul conta com 1.136 km de água corrente, ligando a Serra da Bocaina, em São Paulo, e sua foz, no Oceano Atlântico, na cidade de São João da Barra, no Norte do estado.
Nascido em São José dos Campos-SP, Pedro teve o rio como quintal de casa desde a infância. Mas foi depois de rodar o mundo atrás de aventuras, ele decidiu explorar o rio Paraíba do Sul.
“Eu já fugi de urso polar, já remei com baleia, já saltei cachoeira de 40 metros, remei num vulcão em erupção, mas aqui no Paraíba eu também encontrei as minhas maiores aflições, meus maiores medos e os maiores prazeres”, comentou.
O atleta fez parte de um projeto para avaliar a qualidade da água e do ar, além do impacto do Rio
Paraíba do Sul na vida dos moradores abastecidos por ele ao longo de seu percurso.
“Foi a maior distância que eu já percorri e o projeto mais bonito que eu já participei”, contou Pedro.
Recorde mundial
A vida de aventuras de Pedro começou aos 13 anos, quando ele escreveu alguns de seus sonhos em uma folha de caderno. Ele planejou conhecer mais de 50 países, os 7 continentes e remar em mais de 80 rios.
“A vida foi me trazendo esses presentes, fui trabalhando pra isso, alcançando esses objetivos”, disse.
Em 2009, Pedro saltou a cachoeira Salto Belo, localizada em Campo Novo do Parecis, no Mato Grosso e bateu o recorde mundial de salto de caiaque em cachoeira. A queda d’água tem quase 40 metros. O recorde mundial da modalidade caiaque extremo ficou com Pedro até 2010.
Depois de rodar o mundo, Pedro percebeu que faltava um objetivo caseiro.
“Eu estava no Canadá e me veio essa questão. E o rio da minha casa? Eu conheço o mundo inteiro, mas e o rio que corta o quintal da minha casa? (…) Então eu voltei pro Brasil e pedi ajuda para um grupo de pesquisadores”, relembrou Pedro.
Os pesquisadores logo desafiaram o aventureiro. Eles queriam comprovar a função das cachoeiras e chamaram Pedro para o projeto.
“Eles me ajudariam a comprovar a função das cachoeiras, só que para isso eles gostariam de entender o rio inteiro, de estudar o rio inteiro (…) Nesse momento, eu perguntei quantos quilômetros têm o rio. Aí um pesquisador já levantou a mão e disse 1.136 km. Eu disse sim na hora. Topei. Bora”, contou.
A vida do Rio Paraíba do Sul
A experiência de Pedro ao longo do Paraíba do Sul revelou que a água do rio impacta a vida de milhões de pessoas. Contudo, segundo Pedro, a relação da sociedade com o rio precisa mudar.
“A qualidade da água melhora muito, dá muita vida ao rio. (…) Eu tô muito contente de estar junto com vocês nessa empreitada, nessa missão que é convidar a sociedade a se virar de frente pro rio. No percurso que a gente percorreu do rio Paraíba, praticamente todas as casas estão de costas para o rio. A gente conecta nosso esgoto no mesmo local onde a gente tira água pra beber”, observou Pedro.
“Onde eu conecto o meu esgoto é responsabilidade minha. Se eu não conseguir, eu tenho formas de pedir ajuda. Existem diversas formas de resolver isso com baixo custo e forma muito inteligente”, disse.
“Eu demorei 60 dias da nascente até a foz. A água em si a gente calcula que demora em media de 15 a 20 de dias. Ela sai de onde o rio começa e vai até o oceano. Então, se a gente para de jogar, de poluir hoje, em dois ou três dias a gente vai ter um novo rio, vai ter água limpa. Ele tá dando essa mensagem pra nós de esperança”, explicou Pedro.