Com brilho nos olhos e vontade de aprender que Dona Hercília da Silva Costa, de 90 anos, se encantou pelos livros ao visitar pela segunda vez a Feira Literária Internacional de Maricá (Flim), na Região Metropolitana do Rio. Na primeira vez, na edição do ano passado, ela esteve no local por uma razão especial: receber o diploma da alfabetização.
Além dela, no ano passado, outros 1.066 alunos também receberam o diploma de alfabetização. A aluna é a mais idosa do programa “Sim, Eu Posso! ”, de iniciativa da Prefeitura de Maricá para acabar com o analfabetismo.
No sábado (09) ela voltou na Festa Literária Internacional de Maricá (Flim), realizada na orla do Parque Nanci, em busca de livros educativos e de palavras cruzadas para ampliar o conhecimento.
Sobre a vida de Hercília
A história de dona Hercília se mistura com muitas outras Brasil afora. Ela nasceu em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, em uma família com 13 irmãos. A única oportunidade que teve quando criança de estar numa escola durou 15 dias. De família pobre, precisou abandonar os estudos para trabalhar e ajudar os pais com os irmãos mais novos.
“Meu pai trabalhava na lavoura e tive que ajudar minha mãe com meus irmãos menores”, lembra ela, que disse como conheceu a iniciativa de erradicação do analfabetismo.
“Estava em casa quando a educadora Larissa esteve lá e me inscreveu no programa. Foi a maior alegria da minha vida ”, declarou.
Hoje, dona Hercília é viúva e possui uma família com muitos integrantes. São 12 filhos, 25 netos, 40 bisnetos e sete tataranetos. Dona Hercília reside há 68 anos em Maricá e atualmente mora no bairro Retiro.
Ela destacou os benefícios que o programa trouxe para sua vida.
“Agora não dependo mais de ninguém para escrever um bilhete, ver as palavras na televisão ou contar porque não sabia dar o troco certo. Gosto de Matemática, estudar com meus livros, fazer palavras cruzadas e estou lendo a Bíblia”, completou.
Jornada da alfabetização
O “Sim, Eu Posso! ”, é um método de alfabetização criado pelo Instituto de Pesquisa Latino-americano e Caribenho IPLAC e contempla as condições de vida das pessoas para alcançar o objetivo de acabar com o analfabetismo.
A jornada foi dividida em duas fases. Na primeira, o método associa as letras (desconhecido) aos números (conhecido) e usa recursos audiovisuais em sala de aula (65 vídeo-aulas), para o aprendizado. Na segunda etapa usa-se círculos de debate para o aprimoramento e aperfeiçoamento da leitura e da escrita de pessoas alfabetizadas, mediante o trabalho pedagógico de atividades didáticas sobre temáticas como História, Cultura e Identidade, Trabalho, Educação, Saúde, entre outros.
Reconhecida internacionalmente, a iniciativa já beneficiou quase 11 milhões de pessoas em mais de 30 países. Em 2023, 1.067 moradores de Maricá, com mais de 15 anos, foram alfabetizados e receberam os diplomas na oitava edição da Festa Literária Internacional de Maricá (Flim), que aconteceu em Itaipuaçu.