Na segunda-feira (10), o Rio de Janeiro registrou mais uma morte por varíola dos macacos (monkeypox). O terceiro óbito em decorrência da doença acende um alerta para a importância da prevenção contra a doença através de campanhas e imunizantes.
O infectologista da Universidade do Rio de Janeiro (Uerj) e membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), José Pozza, afirma que as campanhas de prevenção não estão sendo eficazes e aponta a baixa letalidade como um dos motivos, segundo informações do site O Dia.
“A única coisa que acredito que ainda falta é uma campanha educativa, feita de uma forma que a gente consiga observar e informar melhor as pessoas das formas de contágio, das formas de proteção. A gente não tem visto a realização dessas campanhas, apesar de ter sido uma nova doença de disseminação mundial. Como tem uma letalidade muito baixa, infelizmente as medidas informativas e as medidas de controle ficaram meio aquém do que deveriam”, lamenta.
Para ele, a população sempre deveria estar atenta a doenças infecciosas, mesmo que apresentem baixo risco, mas Pozza ressaltou que não há motivo para pânico.
“Apesar de a monkeypox ser uma doença em que a gente tem observado uma mortalidade muito baixa, algumas pessoas com problema de imunidade desenvolvem quadros graves com encefalite, pneumonia viral ou até lesões cutâneas bem disseminadas e em extensão, causando, às vezes, ruptura de pele com infecção bacteriana secundária”.
Para a infectologista consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Tânia Vergara, a imunização por meio da vacina se mostrou ser mais necessária após mais uma morte.
“O que precisamos é de vacina para que possamos proteger, pelo menos, as pessoas mais vulneráveis a adquirir doença. Também precisamos ter disponível a medicação específica (Tecovirimat) para os casos mais graves. A população precisa saber que temos circulando monkeypox no nosso meio e que esta doença é transmitida por contato. Qualquer pessoa que tenha contato com alguém com monkeypox pode se infectar”, disse.
Segundo ela, há centenas de pessoas na fila aguardando a imunização em todos o país.
“A principal medida de prevenção é a vacina e porque ainda não a temos, não estamos com a prevenção adequada. Precisamos dela. Essa falta de vacina é uma situação de risco para todos, inclusive para os profissionais de saúde que recebem estes pacientes. Além dessa medida, o necessário é evitar contato com pessoas sob suspeita ou com diagnóstico de monkeypox.”
De acordo com o relatório da Secretaria de Estado de Saúde (SES), até esta terça-feira (11), o estado do Rio soma 1.160 casos confirmados de varíola dos macacos. Outros 318 pacientes estão sendo investigados e 123 tratados como prováveis, ou seja, com exame inconclusivo ou não coletado.
Ainda segundo os dados da Secretaria de Estado de Saúde, o estado apresentou 3.899 notificações da doença. Cerca de 5 pessoas foram tratadas com Tecovirimat e todas tiveram os tratamentos concluídos.
Na Região Metropolitana foram registrados 981 casos, representando 84,57% de todos os registros da doença no estado. Já na região Metropolitana II, o número subiu para 123, com 10,6% dos infectados. A Baixada Litorânea tem 12, já a região Serrana segue com 7, assim como o Médio Paraíba, que tem 10.
Do total de infectados pela doença, 1.073 são homens, correspondendo a 92,5%. Além disso, a maior parte dos pacientes estão na faixa etária dos 20 e 39 anos. A principal forma de contagio da doença permanece o contato sexual, representando 36,72% dos casos.
A Secretaria de Saúde foi procurada, mas até o momento, não respondeu aos questionamentos.