O Rio de Janeiro viveu uma de suas maiores crises econômicas com a queda do preço do petróleo que gerou um endividamento dos entes públicos na última década e acabou refletindo nas faltas de políticas de habitação. É o que revela os dados levantados no Censo de 2022 e divulgados nesta sexta-feira (08), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Esses dados evidenciam que o impacto desse ciclo nocivo à população pode ter levado a um aumento de pessoas que moram em favelas fluminenses. O crescimento de favelas ocorreu justamente longe da capital, que perdeu 43 mil moradores somente nas comunidades cariocas.
Com o maior número de habitantes, a cidade do Rio de Janeiro também é a que mais tem favelas: 813 onde moram 1,3 milhão de pessoas. Niterói, com 83, e São Gonçalo, com 63, completam a lista de municípios com uma maior quantidade de comunidades.
Ao comparar os dados da população geral das cidades do Rio, no entanto, mostra que essas cidades não estão entre as mais favelizadas. O ranking é liderado por três dos principais destinos turísticos fluminenses: Angra dos Reis, na Costa Verde, Arraial do Cabo, na Região dos Lagos, e Teresópolis, na região Serrana.
Em Angra, 42% da população está em comunidades, enquanto em Teresópolis são 31%. As duas conviveram na última década com tragédias causadas pelas chuvas e deslizamentos naturais.
Já a capital aparece no ranking com 21% da população moradora em favelas.
Enquanto no Censo 2010, foram registradas favelas em 42 cidades do Rio, no último levantamento o número subiu para 53 municípios. O surgimento de comunidades em mais municípios acompanha o crescimento da população favelizada no estado do Rio: são 118 mil pessoas a mais morando nessas áreas. Entre essas cidades estão Resende, Saquarema e São João da Barra.
O geógrafo Jaison Cervi, gerente de Pesquisas e Classificações Territoriais do IBGE, explica que ao longo da última década até a realização do Censo 2022 o Instituto aprimorou a metodologia, o que pode também ter influenciado no surgimento de novas favelas no último levantamento.
“Fizemos em 2010 o melhor levantamento que conseguimos fazer de favelas e comunidades urbanas. Para 2022 melhorou o nosso sistema de identificação e mapeamento”, explica.
Sobre Censo Demográfico
O Censo Demográfico é a mais completa operação estatística realizada no país, indo a todos os domicílios dos 5.570 municípios brasileiros e coletando os endereços e as coordenadas geográficas das espécies de endereços visitadas pelos recenseadores. Esta divulgação traz informações sobre o número de favelas e comunidades urbanas, a população residente nessas áreas, além do número de domicílios, informações sobre saneamento básico e as diferentes espécies de estabelecimentos.
Os dados serão disponibilizados para os recortes geográficos Brasil, Grande Região, Unidade da Federação, Concentração Urbana, Município, Favela e Comunidade Urbana. No caso das análises de pessoas indígenas, os resultados foram disponibilizados também para o recorte da Amazônia Legal.
Os resultados poderão ser consultados no portal do IBGE (Clique aqui) e em plataformas como o SIDRA, o Panorama do Censo e a Plataforma Geográfica Interativa (PGI), sendo que nesses dois últimos poderão ser visualizados, também, por meio de mapas interativos.
O recorte geográfico das Favelas e Comunidades foi atualizado no Quadro Geográfico de Referência para produção, análise e disseminação de Estatísticas.