A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu nesta quinta-feira (20) sete pessoas na Operação Klon, contra a maior quadrilha de receptação e clonagem de veículos roubados do Rio.
Uma das presas é Hortência de Barros Walter, ex-funcionária de uma prestadora de serviço terceirizada do Detran. Segundo as investigações, Hortência desviava espelhos — matrizes de documentos nas quais dados são impressos — do departamento para o bando, segundo informações do site G1.
Os criminosos agiam nas regiões dos Lagos, Metropolitana, Norte e Noroeste fluminenses, além dos estados de São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais.
Agentes da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis saíram para cumprir, no total, 17 mandados e prisão e 70 de busca e apreensão.
Documentação ‘quente’
A investigação começou em agosto de 2017, com a prisão em flagrante por receptação de Sílvio Ricardo Martins Aguiar, com um Kia Cadenza clonado.
“A gente verificou que o documento que ele estava utilizando era original do Detran, embora fosse um carro clonado”, explicou o delegado Angelo Lages. “Isso chamou muita atenção.”
Quase todos os sinais identificadores do veículo tinham sido adulterados, menos o número do motor — o que permitiu descobrir que o carro era roubado.
“A partir daí, começamos a investigar porque já suspeitávamos que havia alguém de dentro do Detran envolvido com essa organização criminosa. E de fato, nós chegamos a essa funcionária”, emendou Lages.
“Esses carros eram vendidos com essa ‘documentação quente’, que dava todo um ar de legalidade”, frisou.
Com autorização da Justiça, a polícia extraiu dados do celular de Ricardo e, no decorrer das investigações, teve acesso a 13 mil ligações e trocas de mensagens.
Como era o esquema
De acordo com a polícia, havia três formas de receptação:
Carros roubados pelo tráfico de drogas, “comprados” por R$ 1 mil, em média;
Veículos alugados de locadoras e não devolvidos;
E o “golpe do seguro”, quando o proprietário alegava ter sido furtado, recebia a indenização e repassava o automóvel.
Os clonadores, na sequência, adulteravam a numeração do chassi, do motor e dos vidros e conseguiam, com a funcionária do Detran, os documentos frios, que embasariam a revenda.
Segundo Lages, os golpistas clonavam até 20 veículos por mês e os revendiam por R$ 10 mil a R$ 15 mil.
Lages disse ainda que nem todos os compradores sabiam que estavam adquirindo um automóvel roubado e clonado.
“Inclusive tem um dono de uma agência de veículos que chegou a comprar cinco achando que eram veículos bons. Colocou na sua loja para vender e descobriu que havia sido vítima desse golpe”, falou o delegado.