Torcedores do Peñarol provocaram uma confusão generalizada na tarde desta quarta-feira (23), na praia do Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste. A confusão foi iniciada após um uruguaio furtar um celular em um comércio próximo à comunidade do Terreirão. A informação foi dada pelo secretário de Segurança Pública Victor dos Santos em coletiva de imprensa realizada na Cidade da Policia (CidPol), no Jacaré, Zona Norte.
No fim da manhã, um furto de celular deu início ao desentendimento entre os brasileiros e uruguaios. A Polícia Militar é acionada para a ocorrência e prende em flagrante o torcedor do Peñarol que havia furtado o aparelho em um estabelecimento comercial na Avenida Lúcio Costa.
O que aconteceu em seguida?
- Moradores da comunidade do Terreirão passaram a se desentender com os estrangeiros. Um homem chegou a apontar uma arma para um dos torcedores do Peñarol, que atrapalhou uma partida de futevôlei.
- Por volta de 12h, os torcedores do Peñarol passam a depredar quiosques e estabelecimentos, dando início a um confronto violento.
- Os uruguaios utilizaram paus e pedras para atacar banhistas e um pequeno contingente de policiais militares que havia chegado ao local.
- Os uruguaios, então, incendeiam uma moto na Avenida Lúcio Costa. Por volta das 13h15, um ônibus de turismo também é incendiado por um grupo de moradores, revoltados com a situação.
- Às 13h30, mais equipes da Polícia Militar chegam e depois de muito esforço conseguem deter cerca de 250 envolvidos na confusão.
- Brasileiros aproveitaram a situação para saquear um dos ônibus da torcida do Peñarol.
- Turistas envolvidos na confusão são encaminhados para a Cidade da Policia (CidPol), no Jacaré, Zona Norte.
- Às 16h, o primeiro dos seis ônibus com torcedores do Peñarol chega à CidPol para dar início às investigações.
- Por volta das 18h, uma van com mais sete uruguaios chega à CidPol.
Secretário assume responsabilidade
De acordo com Victor dos Santos, responsável pela pasta de Segurança Pública, parte dos 250 presos serão liberados, mas não poderão ir ao Estádio Nilton Santos, no Engenho de Dentro, Zona Norte, para assistir ao jogo. Entre os detidos, estão homens e mulheres, incluindo jovens abaixo de 18 anos.
“Acho que é um fato muito grave. Isso não pode se repetir no Rio de Janeiro. É a imagem do Rio de Janeiro. Segurança pública é minha responsabilidade. O que eu tenho que fazer agora é olhar para dentro e a gente rever todo o processo, ver onde houve falha, tentar corrigir, lições aprendidas. Segurança pública não é uma equação matemática”, comentou.
Próximos passos
O secretário afirmou que a polícia uruguaia enviou um representante ao Brasil para que ele ajude a confirmar as identidades dos envolvidos. Além disso, as imagens divulgadas pela imprensa e nas redes sociais serão usadas para auxiliar o trabalho de investigação. Por fim, os suspeitos responderão pelos crimes no Brasil. Segundo o secretário, os detidos serão registrados e ficarão como “pessoas não bem-vindas” no Rio.
Quanto às pessoas que perderam seus bens, Victor explicou que elas poderão cobrar o Estado pelo prejuízo, mas precisarão comprovar o que foi perdido durante a confusão. Posteriormente, o valor deve ser cobrado ao clube uruguaio. As vítimas devem procurar a 42ª DP (Recreio dos Bandeirantes).
Demora da PM
Sobre a demora para a chegada dos policiais militares, o secretário citou que parte dos ônibus de turismo chegou antes do previsto, ocasionando uma falha no planejamento do policiamento. Além disso, destacou que o trânsito atrapalhou a circulação das viaturas com os reforços da corporação.
“Houve essa falha da comunicação. Estamos tentando entender se teve falha de comunicação do clube ou da torcida com o consulado uruguaio e do consulado uruguaio com a Segurança Pública, mas essa foi também uma falha de comunicação. Quanto ao tempo de resposta: por que quando a gente faz um planejamento, a gente precisa superestimar o efetivo? Porque é preferível que você desmobilize o efetivo que não usou do que precisar utilizar e não ter”, explicou.
Briga horas antes do jogo
A confusão começou horas antes do jogo válido pela semifinal da Copa Libertadores entre Peñarol e Botafogo. O grupo arremessou pedaços de madeira e pedras, assustando banhistas que estavam no local. A ocorrência esteve a cargo do 31º BPM (Recreio), Batalhão de Choque (BPChq), Batalhão de Rondas Especiais e Controle de Multidão (Recom) e o Batalhão de Policiamento em Estádio (Bepe).
De acordo com a informação de policiais militares, os suspeitos teriam assaltado pedestres e comerciantes. Além disso, quebraram mesas e cadeiras de quiosques e incendiaram motos e um ônibus. Bombas de efeito moral foram lançadas para tentar contornar o conflito que começou pouco antes de 12h (de Brasília). As autoridades enviaram efetivo para controlar a situação.
Os suspeitos ficaram sentados no canteiro central da Avenida Lúcio Costa até a chegada dos ônibus que os levaram à Cidade de Polícia. Ao todo, foram utilizados seis coletivos, tanto da Polícia Militar quanto veículos de turismo. No início da noite, uma van chegou com mais sete detentos.
Logo após a confusão, o prefeito Eduardo Paes disse nas redes sociais que “alertou que o local e o modelo iriam trazer esses problemas”. Em resposta, o secretário afirmou que Paes “continua fazendo campanha”. “A gente não vai admitir que, nesse momento, ele venha querer manchar a imagem de uma instituição como a Polícia Militar”, respondeu.